Thursday, July 13, 2006

REVIEW - CASABLANCA


Não há filme que represente melhor o fascínio que a Época de Ouro do cinema americano exercia sobre as pessoas do que Casablanca. A produção de 1942 continua até hoje inspirando e conquistando gerações mantendo-se como um dos maiores, senão o maior, dos objetos de nostalgia da sétima arte.
Rodado num período turbulento da história mundial, final da 2 ª Guerra Mundial, e tendo esta como o pano de fundo dos acontecimentos, o filme dirigido pelo experiente diretor Michael Curtiz, responsável por produções memoráveis como Robin Hood, A Canção da Vitória e Anjos de Caras Sujas, soube expressar bem o nacionalismo e o sentimento de luta contra o nazismo sem perder o appeal e a magia que só o cinema de Hollywood na época poderia evocar. Misturando romance e espionagem regados com uma trilha sonora mundialmente conhecida (encabeçada pela música As Time Goes By) e, mais ainda, com closes de câmera perfeitos que acusam a beleza celestial de Ingrid Bergman, Casablanca obteve consagração instantânea, sacramentando-se como uma obra prima.
Rick Blaine (Humphrey Bogart) é o cínico e amargurado proprietário do bar mais conhecido de Casablanca, cidade marroquina e colônia francesa ainda não ocupada pelos alemães e que se tornou o ponto de destino de muitos refugiados europeus que desejavam deixar a Europa para tentar vida nova na América. Numa determinada noite entra em seu café a belíssima Ilsa Lund (Ingrid Bergman), esposa do líder revolucionário Victor Laszlo (Paul Henreid), inimigo número um do Reich que precisa chegar a américa para não ser capturado pela Gestapo. Quando Rick e Ilsa se encontram temos a confirmação que entre eles houve mais do que uma amizade e que a paixão entre os dois continua mais viva do que nunca. A forma como Rick irá administrar as mágoas do passado que conserva por Ilsa serão decisivas não só para a sobrevivência da organização anti-Hitleriana chefiada por Victor, como também para o destino que ele e a jovem norueguesa terão que enfrentar.
Contando com um elenco de apoio top de linha como o impagável Claude Renais fazendo o corrupto e traiçoeiro capitão Louis Renault e o fantástico Peter Lorre (M. O Vampiro de Dusseldorf) interpretando o vigarista Ugarte, Casablanca forma um conjunto primoroso, acertando em cheio em todos os requisitos que o confirmam como um clássico definitivo.

Notas:
A Publicidade do estúdio anunciou que o filme teria a participação de Ann Sheridan, Ronald Reagan e Dennis Morgan como o terceiro personagem principal. Nunca foi provada a existência dessa possibilidade e o que parece foi que a estória foi plantada pelo agente desses atores para manter o nome deles na mídia. Enquanto isso, George Raft tentava convencer Jack L. Warner a ter o papel principal no filme mas Hal B. Walling foi o responsável pela escolha do elenco a qual recaiu sobre Humphrey Bogart. Ele escreveu à Warner e disse que o filme seria perfeito para Bogart. Ninguém, fora ele, foi considerado para o papel.
Os alidados invadiram Casablanca na vida real em 8 de novembro de 1942. Como o filme estava programado para o lançamento apenas na primavera, executivos da Warner sugeriram que ele fosse mudado para incorporar a invasão. O chefão Jack L. Warner fez objeção alegando que o fato da invasão seria assunto para um outro filme e não apenas um epílogo, necessitando também o desenvolvimento de um cenário para a invãsão. Por fim ele cedeu e, sendo assim, o produtor Hal B. Wallis se preparou para a filmagem de um epílogo onde Humphrey Bogart e Claude Rains ficam sabendo sobre a invasão. Contudo, antes que Rains viajasse ao estúdio para realizar a gravação, David O. Selznick, cujo estúdio detinha os direitos sobre o contrato de Ingrid Bergman, assistiu o filme em uma premiére e fez questão que o filme fosse lançado inalterado o mais rápido possível. A Warner concordou e a estréia do filme se deu em Nova Iorque em 26 de novembro de 1942. Assim poderia competir para o Oscar de Melhor Filme do ano. O filme só estreiou em Los Angeles por ocasião de lançamento nacional em janeiro de 1943.
Michéle Morgan cobrou 55 mil dólares para sua participação no filme o que fez com que Wallis a trocasse por Ingrid Bergman que pediu apenas 25 mil dólares.
Após as filmagens, Max Steiner falou contra a música As Time Goes By utilizada no filme como tema de Rick e Ilsa, dizendo que seria melhor compor uma música original para que o estúdio pudesse ser cobrar os royalties sobre ela. Entretanto Hal B. Wallis retrucou dizendo que não poderia ser possível já que desde do fim da filmagem, Ingrid Bergman cortou os cabelos bem curtos para poder filmar Por Quem os Sinos Dobram (1943), que estava sendo filmado numa locação distante, e que por tudo isso não poderia ser refeitas as filmagens das cenas já completas em que se faz referência a As Time Goes By.
O produtor Hal B. Wallis cogitou a possibilidade de Hedy Lamarr para o papel de Ilsa mas ela estava sob o contrato da MGM (que não iria liberá-la), além do mais ela disse que não iria trabalhar em cima de um roteiro ainda não finalizado. Posteriormente ela interpretaria Ilsa num programa de rádio baseado no filme, Luz Radio Theater. Neste período, Bogart e Bergman estavam fora do país entretento as tropas. Rick fora interpretado por Alan Ladd.
O produtor Hal B. Hallis quase que transforma o papel de Sam em um feminino. Hazel Scott, Lena Horne e Ella Fitzgerald eram as mais cotadas.
Paul Henreid (Victor Lazslo) foi emprestado pelos estúdios Selznick contra a sua vontade. Ele achava que interpretar um papel secundário poderia atrapalhar sua carreira como ator romântico principal.
O roteiro foi baseado na peça não produzida Everybody Comes to Rick's. Samuel Marx da MGM queria oferecer 5 mil dólares pelos direitos da peça mas o chefão Louis B. Mayer recusou-se a pagar este valor. Irene Lee, do Departamento de História, convenceu Jack L. Warner a adquirir o projeto pagando 20 mil dólares por ele.
Dooley Wilson era um profissional da percussão e fingia saber tocar piano no filme. Enquanto a música era gravada ao mesmo tempo que o piano tocava, o som que se ouvia era do pianista Elliot Carpenter que estava escondido por trás da cortina numa posição em que Dooley poderia observá-lo e imitar o movimento de suas mãos.
Ninguém sabia, até que foi filmada a última cena, se Ilsa iria terminar com Rick ou Laszlo. Durante a gravação do filme Ingrid Bergman perguntou ao diretor Michael Curtiz com que homem sua personagem iria ficar apaixonada, ele lhe disse, então, para interpretar um meio termo de paixão entre um e outro. Já que a cena final não foi a última a ser filmada, há algumas cenas em que ela está consciente de como tudo vai se resolver, como na cena em que ela se encontra com Rick no mercado negro e na cena em que Ferrari oferece a Laszlo um visto de saída no bar chamado Blue Parrot.
Rick's Café Américain seguiu o modelo arquitetônico do Hotel El Minzah localizado em Tânger, Marrocos.
Por ter sido filmado durante a Segunda Guerra Mundial não foi permitida a filmagem à noite no aeroporto devido a questões de segurança. Ao invés disso, eles utilizaram um estúdio tendo um avião de papelão cortado ao fundo numa perspectiva que desse credibilidade a cena. Para dar a ilusão de que o avião era autêntico, eles utilizaram pessoas de baixa estatura preparando o avião para a decolagem. Anos mais tarde a mesma técnica foi utilizada por Ridley Scott no filme Alien - O Oitavo Passageiro quando o filho do diretor e alguns de seus amigos utilizaram as roupas espaciais para haver uma diminuição de escala em algumas cenas.
A frase do capitão Renault "Você gosta de guerra, eu gosto de mulheres" foi mudada para "Você aprecia guerra. Eu aprecio mulheres". Essa mudança ocorreu para que se obedecesse os critérios de decência da época.
A Warner pensou em utilizar o hino Horst-Wessel-Lied, que era o hino do partido nazista, na guerra de hinos que ocorre num determinado momento do filme. Entretanto, os direitos autorais eram propriedade de uma companhia alemã. A Warner acabou desistindo e pondo o hino Die Wacht Am Rhein evitando assim que a Alemanha proibisse a exibição do filme em países que não estivesse em guerra com ela, por violação de direitos autorais.
Muitas das sombras eram pintadas no interior do set.
A cena da chegada do major Strasser foi filmada no Metropolitan Airport, conhecido atualmente como Van Nuys Airport e localizado fora da cidade de Los Angeles.
Conrad Veidt, que interpretou o major Strasser, era conhecido na comunidade teatral alemã por seu ódio contra os nazistas e de fato foi forçado a fugir rapidamente do país quando descobriu que a Gestapo tinha enviado um esquadrão da morte para capturá-lo devido àas suas atividades anti-nazistas.
Muitos dos atores que fizeram o papel de soldados nazistas foram judeus-alemães que tinham escapado da Alemanha fascista.
A frase "Here's looking at you kid" foi votada como a quinta pelo Instituto Americano de Cinema.
A frase "Louis, I think this is the beginning of a beautiful friendship" foi votada como a vigésima pelo instituto americano de cinema.
A frase "Round up the usual suspects" foi votada como a trigéssima segunda pelo Instituto Americano de Cinema.
A frase "We'll always have Paris" foi votada como a quadragéssima terceira pelo Instituto Americano de Cinema.
A esposa de Humphrey Bogart na época, a atriz Mayo Methot, continuamente o acusava de ter um caso com Ingrid Bergman. Ela freqüentemente o confrontava no camarim antes de começarem as filmagens. Bogart entrava no set extremamente aborrecido.
O contrato de Ingrid Bergman era de propriedade de David O. Selznick e Hal B. Wallis mandou os roteiristas Phillip B. Epstein e Julius B. Epstein para tentar convencer Selznick a emprestar a atriz para a Warner para este filme. Após vinte minutos descrevendo o roteiro para Selznick, Julius desistiu e disse, "Ora mas que diabos, é apenas um monte de besteiras sobre argelinos". David Selznick acabou concordando e fez o empréstimo. Na verdade Selszinick conhecia e confiava no trabalhos dos irmãos Epstein e no do diretor Michael Curtiz pelo qual tinha uma profunda admiração.
As Time Goes By foi escrita em 1931 por Herman Hupfeld para o musical da Broadway Everybody's Welcome e interpretada por Frances Williams. Essa música era a favorita do professor e roteirista Murray Burnett, que, sete anos depois, visitou Viena logo após a invasão pelas tropas nazistas. Posteriormente, visitando um café no sul da França, onde um pianista negro entretia um grupo de pessoas formadas por franceses, nazistas e refugiados, Burnet teve a inspiração para escrever o melodrama Everybody Comes to Rick's que foi escolhido para ser produzido por Martin Gable e Carly Wharton, e depois pela Warner. Após o lançamento do filme As Time Goes By ficou por 21 semanas entre as mais pedidas.
Humphrey Bogart, Ingrid Bergman e Paul Henreid reprisaram os seus papéis num programa da CBS The Screen Guild Players em benefício da guerra.
O sucesso do filme levou a planos para se fazer uma seqüência chamada Brazzaville. Ingrid Bergman não estava disponível, então Geraldine Fitzgerald foi considerada para o papel de Ilsa antes que o projeto morresse. Não foi até o final dos anos 90 com a novela de Michael Walsh As Time Goes By que uma seqüencia real foi escrita.
Para aumentar os lucros com a distribuição do filme no mercado exterior, o estúdio sugeriu que outros caracteres, fora os nazistas, também deveriam ter representantes dos outros países inimigos, como a Itália por exemplo. Por isso é que Ugarte e Ferrari são italianos.
Várias vezes os escritores entraram em discussão em relação ao fato de que Rick terminaria com Louis e Ilsa. Mas isso era sempre rejeitado pelo fato de que os censores não permitirem ela ficar com Rick estando casada com Laszlo. O mais difícil foi tornar plausível que, embora ela claramente amasse Rick, ela deveria ficar com Victor. A cena final foi reescrita várias vezes até que se chegasse a um ponto aceitável.
A última frase do filme é uma das mais confundidas da história do cinema. A frase correta é "Louie, I think this is the beginning of a beautiful friendship" Ela foi adicionada no último momento e dublada por Humphrey Bogart depois que o filme estava completo.
Joy Page que faz o papel da esposa bulgariana era afilhada do chefão da Warner Jack L. Warner e junto com Humphrey Bogart e Dooley Wilson eram os únicos nativos americanos no elenco.
Renault disse a Rick que ele sabe que o dono do bar desviava armas para a Ethiopia (referindo-se a invasão da Itália em 1935). Na Itália a frase foi traduzida como "Eu sei que você desviou armas para a China".
A diferença de altura entre Humphrey Bogart e Ingrid Bergman muda durante o filme. Isso porque Bergman era alguns centímetros mais alta que Bogart, sendo assim, para criar a ilusão que seria o contrário, Michael Curtiz teve que por Bogart em cima de caixas e, em outras cenas, sentado em cima de almofadas ou ter Bergman sentada escorando no sofá meio corcunda.
A frase "Victor Laszlo é meu marido e já era na época que lhe conheci em Paris" foi quase cortada do filme pois durante aqueles tempos era profundamente condenável mostrar ou sugerir que uma mulher casada pudesse estar tendo um romance extra-conjugal. Entretanto é explicado no filme que seu romance com Rick só ocorreu porque ela pensava que Laszlo estava morto. Com essas explicações os censores não vetaram a cena.
Dooley Wilson era, de fato, a única pessoa a ter visitado Casablanca.
Votado como o terceiro melhor filme de todos os tempos pela revista Entertainment Weekly.
Votado como o segundo mais importante filme de todos os tempos pelo Instituto Americano de Cinema.
Com um salário de 25 mil dólares para trabalhar por 5 semanas, Conrad Verdt era o ator mais bem pago no set de Casablanca, emprestado pela MGM. Para o seu papel de Major Strasser foi cotado o ator Otto Preminger sobre contrato com a 20th century fox, tendo Darryl F. Zannuck pedindo a quantia absurda de 7 mil dólares por semana para que o mesmo pudesse participar.
As cartas de trânsito que motivavam a existência de tantos personagens no filme foi um artíficio dos roteiristas tendo em vista elas nunca terem existido no governo de Vichy durante a ocupação da França.
Rick e Ilsa ao lado do piano de Sam na França foi a primeira cena a ser filmada.
Quando o filme ganhou o Oscar pela melhor produção, quem subiu no palco foi Jack L. Warner que aceitou o prêmio quando quem deveria ter feito isso seria o produtor, Hal B. Wallis. Por essa indelicadeza Wallis se resentiu durante muito tempo, e tendo sido esse um de seus motivos de afastamento da Warner Brotheres.
Embora tenha sido um filme abertamente anti-nazista, não foi o primeiro produzido pela Warner com esse tema. Confissões de um Nazista Espião foi produzido em 1939. Warner foi o primeiro estúdio a expor abertamente sua oposião ao regime nazista e o primeiro a proibir que seus filmes fossem em territórios ocupados pelos nazistas. Concretamente, Harry M. Warner fez discursos denunciando as atividades nazistas na alemanha desde 1936.
Na famosa cena em que a Marseillese se sobrepõe ao hino alemão Watch on the Rhine muitos dos extras ficaram com lágrimas dos olhos tendo em vista que muitos deles eram refugiados da perseguição nazistas da alemanha e de vários outros lugares da Europa e foram tomados pela emoção que a cena evocou.
"Here's looking at you, kid" foi improvisado por Humphrey Bogart nas cenas parisienses e funcionaram tão bem que foram utilizadas mais adiante no filme novamente.
Casablanca no Marrocos era um dos pontos de destino dos que fugiam da invasão nazista na Europa, por isso que o roteiro original escolheu esse local para ser o cenário do filme. Lisboa também foi cotada para ser a cidade onde a trama se realizaria.
A primeira opção para a direção de Casablanca pelo produtor Hal B. Wallis foi William Wyller.
Pelo empréstimo de Ingrid Bergman, a Warner prometeu ceder Oliver de Havilland em troca.
Num determinado ponto pareceu que seria um problema escalar um ator estrangeiro para o papel de Victor Lazslo. Foram cotados Herbert Marshall, Jean Jagger e Joseph Cotten até que Paul Hereid ficou disponível.
Ingrid Bergman e Paul Henreid fizeram sua aparição aos 24 minutos de filme.
Rick's Café foi um dos poucos sets originais construídos para o filme, o restante eram aproveitados de outras produções da Warner Brotheres devida as restrições de guerra.
O filme custou aproximadamente 950 mil dólares, 100 mil além do previsto.
Quando o presidente Franklin Delano Roosevelt retornou da conferência de guerra em Casablanca com Wiston Churchill ele pediu para ver uma exibição do filme na Casa Branca.
O título foi mudado para Casablanca parcialmente devido à similaridade com outro filme de sucesso chamado Algiers, de 1938.
Humphrey Bogart teve que usar plataformas para poder contracenar com Ingrid Bergman.
Ingrid Bergman considerava seu lado esquerdo o seu melhor ângulo. Por isso nas cenas ela aparece sempre no lado direito da tela, olhando sempre para a esquerda independente de quem estivesse contracenando com ela. Entretanto há várias cenas em que ela está no lado esquerdo e Humphrey no direito, como nas cenas em Paris no flashback.






Título original: Casablanca.

Gênero: Romance / Drama.

Ano: 1942.

País de origem: EUA.

Duração: 102 min.

Língua: Inglês / Francês / Alemão.

Cor: Preto e Branco.

Diretor: Michael Curtiz.

Elenco: Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Renais, Conrad Veidt, Peter Lorre, Dooley Wilson, Sydney Greenstreet, S. Z. Sakal, Madeleine LeBeau, Joy Page.

4 Comments:

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